Madura e independente, Taguatinga agarrou-se ao título de capital econômica do Distrito Federal. A cidade, criada antes mesmo de Brasília, é a mais rica do quadrilátero candango e acumula o maior número de empresas: 12 mil. O forte comércio de rua, referência para toda a região, teve de aceitar a concorrência dos shoppings, mas não perdeu a majestade. Feiras e avenidas continuam a atrair multidões em busca de variedade de produtos e preços baixos.
Com cerca de 350 mil habitantes, Taguatinga costuma ser a menina dos olhos dos governantes. Na gestão passada, chegou a abrigar o centro administrativo do Executivo local, o já desativado Buritinga. Apesar de a arrecadação com impostos não ser separada oficialmente por região administrativa, estima-se que, fora do Plano Piloto, circula ali a maior riqueza do DF. A economia de Taguatinga é determinante para o desenvolvimento da capital.
A cidade cresceu assustadoramente em função do comércio e da criação de empregos. Pelo menos 100 mil pessoas trabalham em Taguatinga, situada a 19km do centro de Brasília e dividida em quadras residenciais, comerciais e industriais. Na hora de procurar espaço no mercado de trabalho, a população de localidades como Ceilândia e Samambaia ainda recorre à vizinha considerada motor econômico do DF.
Taguatinga firmou sua autonomia na última década. Abastecida por lojas, atacados, fábricas, hotéis, faculdades, hipermercados e atendida pelos mais diversos serviços, se consolidou como principal polo de atração de investimentos em volta de Brasília. ;Com um comércio ativo, ela está economicamente consolidada. Encontra-se um pouco de tudo na cidade;, diz o consultor de varejo e sócio da Neocom Informação Aplicada, Alexandre Ayres.
Avenida Comercial
Um dos principais centros de consumo do DF é a Avenida Comercial de Taguatinga. Do lado norte, onde se concentra o maior número de lojas, os segmentos de móveis, colchões, calçados e confecção se destacam. Atentos à grande movimentação de pessoas, de segunda a sábado, agências bancárias, clínicas médicas, bares e restaurantes se instalaram ao longo da avenida.
Filho de um dos pioneiros mais conhecidos de Taguatinga, Jamal Kamal, 34 anos, viu a Avenida Comercial nascer. Aos 10 anos, ele começou a trabalhar com o pai, o palestino Abdel Kamal, 75, que desembarcou no Planalto Central em 1955, fugindo da guerra no Oriente Médio. ;Meu pai não sabia falar português direito. Mesmo assim, trabalhava como vendedor, batendo de porta em porta;, conta Jamal.
Há 15 anos, a família inaugurou a primeira loja de materiais esportivos da cidade. Hoje, são duas unidades na famosa avenida. ;Esta região é o pulmão do DF, onde circula o dinheiro. Se a Comercial Norte quebrar, a economia local quebra;, diz o empresário, que passa a maior parte do dia nas lojas. ;A diferença em Taguatinga é esta: você encontra o dono com facilidade e pode negociar diretamente com ele;, afirma.
Encontrar imóvel ocioso na Avenida Comercial não é fácil. Muita procura e pouca oferta elevam os preços de aluguel. Um espaço de 250m2 que há cinco anos valia R$ 6 mil por mês hoje chega a R$ 10 mil ; valorização média de 13% ao ano. E, ao passar o ponto, agora cobra-se a chamada luva, valor adiantado pago para assinatura de contrato em áreas muito valorizadas, como o Plano Piloto. O mesmo já ocorre em alguns pontos da Avenida Central.
O edifício Taguacenter, na Avenida Hélio Prates, é outro centro comercial pujante. Os armarinhos atraem a clientela. ;Gente não falta aqui. E as pessoas estão comprando cada vez mais;, percebe Francisco Leite, 63 anos, dono do Armarinho Novidades, que abriu as portas há 28 anos. Hoje, emprega 45 pessoas e ocupa uma área de 3 mil metros quadrados. ;Quem quiser variedade e preço bom tem que vir a Taguatinga;, diz a mulher dele, Zélia Leite, 60.
Há 17 anos morando em Taguatinga, a assistente social Maria das Graças Saraiva, 50, passa semanas sem ir ao Plano Piloto. ;Não preciso mais ir ao Plano. Tenho tudo o que preciso perto de casa e posso fazer minhas compras a pé;, justifica ela, em frente ao Alameda Shopping, o mais tradicional da cidade. Em média, 30 mil pessoas circulam diariamente pelo centro comercial inaugurado em 1990 e formado por 120 lojas.
A abertura do Taguatinga
Shopping, em novembro de 2000, foi um marco na economia local. Às margens do Pistão Sul, ao lado do hipermercado Extra, o estabelecimento recebe cerca de1,3 milhão de visitantes por mês. Ao longo da década, passou por ampliações para atender à demanda crescente. Nove salas de cinema, 240 lojas e 24 lanchonetes e restaurantes funcionam em um espaço de 126,5 mil m2.
Não há mais para onde crescer
O comércio varejista a todo vapor impulsionou o atacado em Taguatinga. Os maiores do setor ; dos ramos de calçados, roupas, alimentos e brinquedos ; estão presentes na cidade. ;A economia local precisou se adequar à realidade. Com um varejo muito forte, o crescimento do atacado se tornou inevitável;, analisa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga, José Sobrinho Barros, que neste mês assumiu o conselho deliberativo Sebrae-DF.
As indústrias também encontram espaço na mais próspera das regiões administrativas. Há centros industriais entre as avenidas Sandu Norte e Hélio Prates; nas proximidades da BR-060 (que liga Brasília a Goiânia); no setor conhecido como H Norte; perto da BR-070 (saída para Águas Lindas) e próximo à Avenida Elmo Serejo. ;Não temos mais para onde crescer. É necessário qualificar o que temos;, defende Barros, ao reclamar da falta de opções de lazer e de um centro de convenções.
O consultor de varejo Alexandre Ayres sustenta que a expansão física de Taguatinga chegou ao limite, o que força um desenvolvimento do que já existe. ;A cidade se esgotou. Há pouquíssimas opções de terrenos. Chegou a hora do enriquecimento;, diz ele, ao indicar que existe uma tendência de a renda per capita do centro urbano crescer nos próximos anos. Os dados oficiais mais recentes, de 2004, apontam uma renda média de R$ 661 por pessoa em Taguatinga. Se aplicado o mesmo reajuste concedido ao salário mínimo desde 2004, quando o piso valia R$ 260 ; hoje está em R$ 540, uma valorização de 107,7% no período ;, a renda média dos taguatinguenses valeria hoje em torno de R$ 1.370. (DA)
A cidade cresceu assustadoramente em função do comércio e da criação de empregos. Pelo menos 100 mil pessoas trabalham em Taguatinga, situada a 19km do centro de Brasília e dividida em quadras residenciais, comerciais e industriais. Na hora de procurar espaço no mercado de trabalho, a população de localidades como Ceilândia e Samambaia ainda recorre à vizinha considerada motor econômico do DF.
Taguatinga firmou sua autonomia na última década. Abastecida por lojas, atacados, fábricas, hotéis, faculdades, hipermercados e atendida pelos mais diversos serviços, se consolidou como principal polo de atração de investimentos em volta de Brasília. ;Com um comércio ativo, ela está economicamente consolidada. Encontra-se um pouco de tudo na cidade;, diz o consultor de varejo e sócio da Neocom Informação Aplicada, Alexandre Ayres.
Avenida Comercial
Um dos principais centros de consumo do DF é a Avenida Comercial de Taguatinga. Do lado norte, onde se concentra o maior número de lojas, os segmentos de móveis, colchões, calçados e confecção se destacam. Atentos à grande movimentação de pessoas, de segunda a sábado, agências bancárias, clínicas médicas, bares e restaurantes se instalaram ao longo da avenida.
Filho de um dos pioneiros mais conhecidos de Taguatinga, Jamal Kamal, 34 anos, viu a Avenida Comercial nascer. Aos 10 anos, ele começou a trabalhar com o pai, o palestino Abdel Kamal, 75, que desembarcou no Planalto Central em 1955, fugindo da guerra no Oriente Médio. ;Meu pai não sabia falar português direito. Mesmo assim, trabalhava como vendedor, batendo de porta em porta;, conta Jamal.
Há 15 anos, a família inaugurou a primeira loja de materiais esportivos da cidade. Hoje, são duas unidades na famosa avenida. ;Esta região é o pulmão do DF, onde circula o dinheiro. Se a Comercial Norte quebrar, a economia local quebra;, diz o empresário, que passa a maior parte do dia nas lojas. ;A diferença em Taguatinga é esta: você encontra o dono com facilidade e pode negociar diretamente com ele;, afirma.
Encontrar imóvel ocioso na Avenida Comercial não é fácil. Muita procura e pouca oferta elevam os preços de aluguel. Um espaço de 250m2 que há cinco anos valia R$ 6 mil por mês hoje chega a R$ 10 mil ; valorização média de 13% ao ano. E, ao passar o ponto, agora cobra-se a chamada luva, valor adiantado pago para assinatura de contrato em áreas muito valorizadas, como o Plano Piloto. O mesmo já ocorre em alguns pontos da Avenida Central.
O edifício Taguacenter, na Avenida Hélio Prates, é outro centro comercial pujante. Os armarinhos atraem a clientela. ;Gente não falta aqui. E as pessoas estão comprando cada vez mais;, percebe Francisco Leite, 63 anos, dono do Armarinho Novidades, que abriu as portas há 28 anos. Hoje, emprega 45 pessoas e ocupa uma área de 3 mil metros quadrados. ;Quem quiser variedade e preço bom tem que vir a Taguatinga;, diz a mulher dele, Zélia Leite, 60.
Há 17 anos morando em Taguatinga, a assistente social Maria das Graças Saraiva, 50, passa semanas sem ir ao Plano Piloto. ;Não preciso mais ir ao Plano. Tenho tudo o que preciso perto de casa e posso fazer minhas compras a pé;, justifica ela, em frente ao Alameda Shopping, o mais tradicional da cidade. Em média, 30 mil pessoas circulam diariamente pelo centro comercial inaugurado em 1990 e formado por 120 lojas.
A abertura do Taguatinga
Shopping, em novembro de 2000, foi um marco na economia local. Às margens do Pistão Sul, ao lado do hipermercado Extra, o estabelecimento recebe cerca de1,3 milhão de visitantes por mês. Ao longo da década, passou por ampliações para atender à demanda crescente. Nove salas de cinema, 240 lojas e 24 lanchonetes e restaurantes funcionam em um espaço de 126,5 mil m2.
Não há mais para onde crescer
O comércio varejista a todo vapor impulsionou o atacado em Taguatinga. Os maiores do setor ; dos ramos de calçados, roupas, alimentos e brinquedos ; estão presentes na cidade. ;A economia local precisou se adequar à realidade. Com um varejo muito forte, o crescimento do atacado se tornou inevitável;, analisa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga, José Sobrinho Barros, que neste mês assumiu o conselho deliberativo Sebrae-DF.
As indústrias também encontram espaço na mais próspera das regiões administrativas. Há centros industriais entre as avenidas Sandu Norte e Hélio Prates; nas proximidades da BR-060 (que liga Brasília a Goiânia); no setor conhecido como H Norte; perto da BR-070 (saída para Águas Lindas) e próximo à Avenida Elmo Serejo. ;Não temos mais para onde crescer. É necessário qualificar o que temos;, defende Barros, ao reclamar da falta de opções de lazer e de um centro de convenções.
O consultor de varejo Alexandre Ayres sustenta que a expansão física de Taguatinga chegou ao limite, o que força um desenvolvimento do que já existe. ;A cidade se esgotou. Há pouquíssimas opções de terrenos. Chegou a hora do enriquecimento;, diz ele, ao indicar que existe uma tendência de a renda per capita do centro urbano crescer nos próximos anos. Os dados oficiais mais recentes, de 2004, apontam uma renda média de R$ 661 por pessoa em Taguatinga. Se aplicado o mesmo reajuste concedido ao salário mínimo desde 2004, quando o piso valia R$ 260 ; hoje está em R$ 540, uma valorização de 107,7% no período ;, a renda média dos taguatinguenses valeria hoje em torno de R$ 1.370. (DA)
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